quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

É de graça e eu ainda me queixo...

As pessoas devem manter-se informadas.
E eu sou uma pessoa que gosta de se manter ao corrente do que se passa aqui e ali. Pode acontecer dar-me uma vontade enorme de escrever neste espaço e depois não tenho sobre que falar. E hoje posso falar da minha maior fonte de informação: os jornais gratuitos.
São actualmente cinco os jornais gratuitos: Destak, Metro, Global, Meia-Hora e Sexta. É informação à pala, é isso é muito valioso. O facto de pagar por informação - já estando eu tão habituado a tê-la entregue na mão - já me é estranho. Quando me perguntaram se eu queria o jornal da escola, eu até gostava de ver o que lá estaria. Quando me disseram que teria de pagar, quase esmurrei o miúdo. Digamos que o comodismo dos jornais à borla estão-me a tornar uma pessoa sovina.
Muita gente se interroga se serão mesmo necessários tantos jornais gratuitos. Eu respondo que sim. E quem me dera ter vida para os conseguir ler a todos.
A primeira coisa que eu faço mal me sento no metro é abrir um dos jornais que tenho em minha possa. E a primeira página que abro é a da astrologia, que é uma arte que me fascina. Uma das vantagens de haver tantos jornais é que as previsões astrológicas são variadas. Isso intriga-me, já que as estrelas são as mesmas, as cartas são as mesmas, o alinhamento dos planetas é o mesmo, e ainda assim num jornal tudo isto junto diz-me que vou ter dores de barriga e o outro diz-me para tomar particular atenção ao coração. Só se as cartas forem como a poesia, todos lêm e cada um interpreta a sua maneira. E eu, usualmente, escolho o astrólogo que mais que convém nesse dia, que é normalmente aquele que diz "Amor - Precisa de mais afecto da pessoa que ama" («Vês paixão?...Preciso do teu afecto...»), "Saúde - Vai-se sentir preguiçoso e sonolento" («Ó stôra, são os astros que me põe assim, eu por mim até fazia o exercício») e "Dinheiro - Algumas dificuldades" («Posso pagar amanhã o café?»). Porque todas estas situações são - diga-se - frequentes no meu quotidiano.
Depois, passo para a secção meteorológica, ver o que o tempo me espera, que às vezes o clima é tramado.
Depois, "Desporto". Mais um golo do Cristiano Ronaldo, o Benfica quer contratar uma jovem promessa do Turquemenistão, o Quaresma fez birra, o Paulo Bento quer tranquilidade, o Scolari não quer bundas grandes, o Cardozo bateu com a cabeça num poste, o Benfica foi campeão. Calma! Exacto... "Benfica foi campeão regional de Badminton em juvenis femininos".
Depois, emociono-me dez vezes em jornais diferentes pela mesma enchente na Índia, pelos mesmos mortos no Iraque, pela mesma fronha da Ministra da Educação, que dá realmente pena.
Finalmente, a secção dos famosos, porque parece que a filha da Jessica Alba é na verdade do David Copperfield, que traiu o amigo Tony Parker ao ir para a cama com a Eva Longoria, que por sua vez parece que anda metida no alcool com a Briney, cuja prima se despiu para uma revista, muito lida pela vizinha da tia avó do Toy. É sempre bom saber.
Deixo o apelo: deviam haver mais jornais gratuitos.

Diogo Hoffbauer

Bolso, poiso, caixa...




''Trazer as pessoas no bolso'' é uma óptima metáfora para explicar a forma como carregamos connosco as vivências de uma vida e as pessoas de uma vivência..
Isto porque, ainda que usemos roupa sem bolsos, casacos sem bolsos, calças sem bolsos, ha sempre um bolsinho, um local, um poiso, onde descansamos as memórias e deixamos que a nossa vida vá correndo, a olhar para o trás e para a frente, olhos postos no passado e no futuro, no conseguido e no por conquistar.

Porque é tudo nosso, se uma série de factores se alhinharem e o 'tudo' acontecer.
Porque nada é nosso se nada acontecer.

E porque as conquistas de uma vida, de um momento, de um segundo, são nossas, do nosso bolso, do nosso poiso... E se forem como eu há sempre uma caixinha forrada onde já nada cabe, tantas são as provas de memórias que por vezes se escondem, se perdem no bolso, e voltamos a encontrar, radiantes ou chorosos, quiçá...
São as pessoas que movem o mundo, que movem os momentos, as vidas, e que enchem os bolsos, os poisos, as caixas.. Porque são as pessoas a mão que nos agarra à vida, que nos embala o choro e que nos castiga com uma palmada, que nos afaga os cabelos e nos mostra um não com o dedo indicador...
Porque as pessoas da nossa vida não fogem, ficam presas ao bolso, poiso, caixa das memórias e são nossas para sempre...
Porque tudo fica aguardado mesmo quando dizemos que já esquecemos, que já nada significa para nós, que se perdeu no tempo.. Porque o Destino é matreiro e assim como não apaga as coisas boas, também não apaga as más..

Resta-nos, então, ter vários bolsos, poisos, caixinhas, e seleccionar bem o que queremos reviver.
Afinal, é tudo uma questão de escolha.. de uma série de factores que se alinham para que o 'tudo' aconteça.


>>> Mariana Silva

sábado, 26 de janeiro de 2008

Aaah malandro... desde quando?

Já me questionei várias vezes: de que forma nasce um amor? Qualquer forma de amor, familiar, profissional, amizade, apaixonante, vocacional.. Como é que se dá o início dessa demonstraçao de sentimento, dessa palavra sem letras, que por mais que tentemos explicar não tem explicação?

Ora aí está, não tem explicação.
Por mais que tentemos definir a hora, o momento, o dia até, ninguem sabe dizer quando aconteceu 'o amor'. Porque é tudo uma questão de horas atrás de horas, de momentos atrás de momentos, de dias atrás de dias...
Mas quando temos aquele click mental 'eh pah, pera lá, eu amo-o (a) !' é inevitável pensar: 'e há quanto tempo é que eu sinto isso?'
Impossivel de definir. Apenas em casos quase obrigatórios, como os familiares, em que nenhum filho ingrato se pode dar ao luxo de não amar um pai ( se ele tiver sido pai com todas as letras, claro.. mas isso são outros horizontes!), ou nas vocacionais, em que amamos o que fazemos quase sem termos voto na matéria, porque sai de nós como ar que respiramos, e não o conseguimos impedir - apenas nestes casos sabemos que não nos coube a nós a tarefa de 'começar a amar'.
Fora isso, e às vezes isso não sai fora, a vida encarrega-se decidir o curso do amor, e não nos deixa saber quando o conhecemos, nem nos dá oportunidade de nos despedir-moos dele. Amigos que perdem contacto, empregos que vão á vida, namorados com quem a coisa não resulta... Ou então mesmo no fim da vida, 'where there's no turning back' .


Mas então, como será que o amor começa? Será que é so uma questão de circunstância, de empatia obrigatória e depois mais fluida...?
A questão surgiu mais uma vez devido a comentários em cadeia que recebi no hi5, 'amo-te' .. mas n imaginem coisas já, é amor de amizade, mas antes disso é amor familiar, amor de primas amigas, amor que supera os inevitáveis laços de sangue! Porque a coisa que mais prezo nesse amor, é o facto de apesar do factor obrigatório de nos encontrarmos em reuniões familiares - quanto mais não sejam em funerais ou casamentos! - , nós continuamos a encontrar-nos, mais do que quando pequenas, mas ainda assim menos do que o desejável, e o 'amor' existe desde sempre, acabamos por concluir.

Porque com seis ou sete anos, pequerruchas, ficavamos abraçadas durante minutos, os relógios dos pais num tic tac de pressa - que hoje, quase adultas, já bem compreendemos - e nós ali, naquele abraço forte forte e no choro sem voz, assim quase escondido para não enfurecer ninguém...


>>> Mariana Silva

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

SINCERAS DESCULPAS POR UM ESQUECIMENTO INESQUECIVEL

A batata vem por este meio mostrar o seu mais sincero e profundo arrependimento pelo esquecimento de Rita Machado, a mais assídua leitora deste blog, que tanto contribuiu para o desemperramento da ferrugem que já se instalava neste espaço, ao informar-nos de um tema que deu pano para mangas no nosso último post.
A maldade não entrou neste esquecimento. Não passa de um mal entendido, de uma distracção imperdoável de duas batatas despistadas, tontas, parvas e feias.
Isto não passou de um lapso quase tecnológico, já que a vontade de postar a novidade que nos foi fornecida era tanta que o corpo não obdeceu ao cerebro - nem ao coração, porque sabes que te amo pedacinho (L) - o que deu origem a toda esta celeuma.

Esperando que este esquecimento não afecte as relacões entre as batatas e a referida Rita M., e que continue a haver muita amizade da parte de uma das batatas, muito amor da parte da outra, e - no plano bloguístico - muita continuação de colaboração. Já com a promessa, evidentemente, de que no futuro este lapso não se repete.

Pedimos perdão...

Mariana Silva e Diogo Hoffbauer

2008 é o nosso ano !

Nós ja sabíamos.
Quando numa conversa madrugadeira (três da manhã, vá lá), entre risos e frases sem nexo, confidências aparvalhadas e assuntos sérios distorcidos, surgiu a pergunta 'então e se fizessemos um blog?', nós já sabíamos.
Digam o que disserem, caros leitores, vocês estão perante um fenómeno da natureza, uma verdadeira extravagância! Os jovens espíritos que dirigem este devaneio são, na realidade, uns verdadeiros visionários :)

Este blog foi criado em Outubro de 2007, e provou-se, ha escassos dias numa notícia online, o poder da nossa criação: o ano 2008 foi declarado como o 'Ano Internacional da Batata' pela Resolução 60/191 da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, de 22 de Dezembro de 2005.

A Resolução assinala que "a batata é um alimento principal na dieta da população mundial"; visa "focalizar a atenção mundial no papel que a batata possa ter para prover a segurança alimentar junto às populações pobres".

Pois a Batata é um alimento indispensavel, do corpo e da mente, do músculo e do intelecto! É fonte de vida, é fonte de força! É a batata, não ha mais a dizer!

Aliás há : diriamos nós que somos, até mesmo, profetas, que devaneiam, vagueando na web para entregar mensagens sem forma nem conteúdo, mas com alma, com visão alargada do que se passará no mundo ! No fundo, os nossos textos espelham o presente e o futuro - e isto é melhor que consultar cartomantes ou ler borras de café!
Aqui o futuro é certo, e a única coisa que pode correr mal é o mundo não concretizar o que prevemos.. Mas isso já não é culpa nossa, quer dizer, já muito fazemos nós em prever a vida dos outros...

E agora alguns acusariam este blog, principalmente a Mariana, de espalhar boas novas sem certezas, já que o enfermeiro não ganhou a Operação Triundo e, portanto, o crime não teve qualquer sentença... Calúnias! Puras calúnias, caros leitores! Afinal de contas, a vitória é relativa... :)


Só por causa das cócegas, aqui fica mais um...






Mariana Silva e Diogo Hoffbauer

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O CRIME (im)PERFEITO

Hoje tinha de escrever. Não sabia sobre que assunto, não sabia como começar, continuar, acabar. Mas tinha de escrever, porque cumpro sempre o prometido e prometi que não deixaria morrer a 'Batata' (quase parece aquele livro do Miguel Sousa Tavares, 'Não te deixarei morrer David Crocket', com a diferença de este meu 'livro' - meu e do meu companheiro Sr.Hoffbauer - ser virtual e ter muito mais admiradores do que esse tal David! ).
Portanto têm-m aqui hoje para dizer tudo acerca do nada. Sim, sim, sou uma mulher de palavra que escreve num portátil com teclado alemão, de pijama já vestido (novinho, tecido polar, em saldos, grande compra!), com a maquilhagem por tirar.. O o que me lembra uma frase espectacular que encontrei num qualquer hi5, sei lá bem...

' Gosto de lágrimas que borram maquilhagens porque não há crimes perfeitos, ainda.'

Ora eu gosto de cumprir as regras, gosto de sentir que faço parte integrante de uma sociedade, mas tenho os meus devaneios, os meus choros que borram maquilhagem, e tenho-os na solidão do meu eu, tenho-os comigo.
Porque eu sou eu comigo, eu sozinha, eu com outros. Tenho várias faces e um só corpo, varios reflexos e um só espelho, varias vozes e uma só alma. Sou a Mariana, gosto de chocolate, de dormir, de me sentir quente, tenho sempre as mãos frias e os caracóis ao vento - quando há vento, não pensem que tenho poderes para pôr o cabelo a esvoaçar sozinho..! - e vicio-me facilmente nas coisas - e essa é a real razão porque me impedi de levar a experiencia de fumadora para além de meia duzia de passas.
Vicio-me em musica, em batons, em séries de tv, em programas, em gelados, em sites de internet, em pessoas, em acessorios, em horas, em almofadas, em livros... Vicio-me e levo as coisas a um extremo insuportavel para outros - lá esta, o meu crime (im)perfeito de lagrima que borrata a face maquilhada.
Pois já aqui falei de um devaneio viciante, o 'meu' Michael Bublé (lá está o MEU, o vicio, ai ai ai ai..), aquela voz para me (en)cantar ao ouvidinho antes de adormecer. Mais recentemente descobri, num programa de tv, uma voz portuguesa que também não me importava que me aquecesse as noites frias do meu verão eterno.. ^^

(Lá vem a miúda falar do enfermeiro, já ninguém a pode ouvir, já se sabe que ele faz uns bons falsetes, que canta bem, que vai ganhar o concurso, lá a Operaçao Triunfo, que é muito simpatico e humilde e que é uma revelação na música portuguesa...!)


Aqueçam a alma se a tiverem gelada, congelem-na por segundos se a tiverem irracionalmente quente. Dêm um abraço, lancem um beijo no ar, bebam leite do pacote e lambam a colher com que barram a compota no pão... Façam como eu e cantarolem desafinadamente ao som de programas da televisão pública...! Porque cada dia pode ser o nosso último crime. E hoje eu tinha de cometer o meu.





> RICARDO COSTA, ENFERMEIRO, 21 ANOS, ALENQUER .::. concorrente da Operação Triunfo 2007 (RTP)



(SAY IT RIGHT e GOLDEN EYE com a colega concorrente Denisa)


(BARCELONA, com a professora da escola da OT - Helena Vieira)



>> Mariana Silva

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Comunicado !

A 'Batata' - diminutivo carinhoso que os autores preguiçosos adoptaram desde o primeiro instante - precisa de expansão, precisa de uma nova voz ! Tendo isso em vista - porque a batata necessita de uma maior afluência para continuar a crescer em quantidade e em qualidade - tomamos medidas.
Renegai as Matutanos e as Lay's industrializadas! Deixai vir a nós os bons leitores !

A nossa ideia, por muito simples e banal que possa parecer à primeira vista a um desatento leitor, é na verdade dinamizadora e inovadora...
Entrevistas. Sim, leram bem, mas terão percebido mal: não serão entrevistas banais,serão pois bem mais inventivas e originais, diferentes de tudo o que já viram!Entrevistas que fugirão dos padroes comuns dos cliches jornalisticos...
Imaginam o que é terem ao alcance de um click entrevistas com as mais diversas personalidades? Entrevistas onde a pergunta será evitada e a resposta será a pergunta?
Entrevistas onde nós, as duas batatas que têm - desde Outubro - devaneado pela blogosfera, iremos penetrar no mais intimo do ser humano, vasculhando o mais infimo bichinho secretista da alma, como se procurassemos poças de petróleo.. (no Alentejo já ha disso, não deve ser assim tão complicado!)


Baaaaah a quem queremos enganar com tudo isto? Nascemos do acaso, velejamos ao acaso, e somos pais negligentes de um blog que tentamos manter vivo ligado apenas a uma máquina de criatividade...
Acompanhem esta batata solitária, lavem-na, descasquem-na, cortem-na como bem desejarem, cozam, assem, fritem, estufem, alourem... Porque o nunca antes visto (não) será visto aqui...!


Brevemente
Num Devaneio perto de si.





>> Diogo Hoffbauer e Mariana Silva

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Larga..!

Queria tanto saber porque olhas assim para mim, de alto abaixo, pousando os olhos nos seios, na barriga estéticamente aprazível, nas ancas firmes de uma anti-parideiras, nas coxas suaves de muitas horas de ginásio, e depois desces, suavemente, firme no olhar e gentil no toque, agarras-me e desprezas-me, fazes-me amar-te e largas-me na escuridão apaixonante. Quero-te, mas queria tanto saber, conhecer, tocar, sentir realmente esse lado de caçador furtivo que nunca desespera, seguro de que a presa acabará por se render.
Pois não me rendo, não cedo, ou pelo menos não pretendo render-me ou ceder, não quero, larga-me, larga esse olhar, pára, não suspendas no ar o desejo flutuante, não mais quero esta tensão entre nós, entre os dois corpos, larga-me.
Larga esse olhar, esse lábio que se morde sozinho, no compasso das gotas de suor imaculado, essas mãos que me agarram virtualmente, primeiro de rompante, agarrando-me no verdadeiro sentido da palavra, depois afrouxando o toque, suavemente, até me fazerem flutuar na tua posse; larga os musculos das pernas, os peitorais, o ritmo complacente do teu coraçao bailando no peito charmoso que me chama, clamando silenciosamente larga -te no mundo e perde-te para não mais voltares.
Larga tudo, larga-te tambem, que eu tratarei de me largar a mim, em caso de tu não cumprires com o que te peço. Larguemo-nos um do outro, e não mais um no outro.
Porque se a tua eternidade é mais efémera do que a própria concepção de tempo, então a minha efemeridade não será passada a teu lado. Larga-me.



>>> Mariana Silva

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

David contra Golias

Nada me põe mais feliz que ver um jogador do Benfica a apanhar pancada. Mas ver jogadores do Benfica, então isso é Jackpot!
A luta entre o Katsouranis e o Luisão no último jogo do Benfica terá acabado com muitos dilemas entre os homens de todo o país. Quantos de vocês não se sentiram presos, indecisos e confusos por dar um jogo de futebol ao mesmo tempo que, no outro canal, está a dar wrestling? Aposto que muitos. E esses muitos só não se manisfestarão aqui porque a maioria não deve saber ler.
Desta forma tão inovadora, podemos ter wrestling e futebol num só canal, ao mesmo tempo, e ainda temos o deleite de podermos ver dois benfiquistas a pegarem-se ao banano.
Aquela briga pôs-me certas questões. Primeiro, o Luisão é pouco modesto. Ao que parece, a troca de mimos começou quando Luisão levou cartão amarelo por fazer uma falta após perda de bola do Katsouranis. Como se diz: "quem nunca errou que atire a primeira pedra", e pela cara de Luisão ele bem tinha vontade de atirar uma pedra à cara do Katsouranis. Se o jogo fosse no estádio do Braga, com a pedreira ali ao pé, certamente que teria ido retirar um calhau relativamente grande e o teria arremessado ao nariz do grego. Além disso, Luisão já terá errado. Quanto mais não seja, assinou contracto com o Benfica. Se bem que ele não tem ar de saber ler nem escrever, por isso é de desconfiar que tenha assinado seja o que fôr.
Depois, os gregos modernos podem ter herdado muita coisa dos gregos antigos, mas não herdaram a inteligência por certo. Aristóteles deve estar neste momento a encolher-se de vergonha lá onde estiver, de vergonha do compatriota. É que Luisão tem 1,93 metros e Katsouranis terá pouco mais que 1,80. Seja porque razão for, o grego pensou que poderia empurrar aquela árvore e sair impune. E nem sequer lhe podia saltar aos cabelos, pelo simples facto de que Luisão tem a careca mais lustrada que as pratas da minha avó.
Eu falo por mim: se um fulano daquele tamanho se virasse para mim e dissesse: "Então perdes-me a m***a da bola ali, meu c****o do c*****o?! Levas uma p**a nesse focinho, que vais já perder bolas para o c* da tua mãe!", eu diria "Peço desculpa. Não volta a acontecer. Por favor, não me magoes..."
Chamem-lhe cobardia. Eu chamo-lhe instinto de sobrevivência.

Diogo Hoffbauer

domingo, 6 de janeiro de 2008

Desterro


Tenho sono.
O meu eterno bocejo,
o meu eterno cansaço efémero,
tudo isto é teu se o levares,
se o puseres no dorso de uma ave e o levares daqui...

Abandona o eu de mim,
desterra-me deste corpo...
Ah este luar inspira-me
E a luz do sol arde-me nos olhos da alma.

Tu não entendeste as palavras...
A ti eu não disse palavras algumas.

E a todos os teus eus eu rogo
que se calem,
que abandonem o eu de mim,
que nos fundamos num só
e voemos no dorso de uma ave e nos levemos daqui.

Porque tenho tanto sono...
e o corpo da alma dói enquanto durmo...
E somos dois, três, qualquer,
menos um...
Somos nada,
nem palavras vagas...
Sejamos palavras, conceitos!

Apaixonados
Amantes
Loucos
Amigos - nunca.

Porque este sono adormece a ave soturna, salvadora,
e o eu regressa ao eterno casulo de cansaço efémero,
e não consigo desterrar-me de ti.



>> Mariana Silva

sábado, 5 de janeiro de 2008

Resolução de Reis

Ano novo, vida nova, alegam milhões de pessoas fazendo grandes resoluções (impraticáveis ou impraticadas, a maioria, diga-se) que passam por ir ao ginásio, ajudar os pobres ou passar a dar banho ao cão.
Ora, eu não vou ao ginásio. Já nem a mim me engano, não tenho vida para isso. Não é vida, desculpem, é vontade. Escolhi mal a palavra. Os pobres eu já ajudo à minha maneira, uma moedinha aqui ou ali. Nunca uma muito grande. E a coisa mais parecida com um cão aqui em casa sou eu. Por isso, tenho que optar por resoluções que fujam a falta da originalidade dos paradigmas mentais e revolucionários das intenções vitais de um ser humano que quer ser fisicamente mais atraente, que quer ser mais solidário e que não quer pulgas em casa.
A minha resolução é escrever mais neste blog. É claro que já estamos quase nos Reis e eu ainda não tinha dado sinal de vida, mas mais vale uma resolução que é aplicada de forma tardia mas é aplicada até ao fim do ano, do que uma resolução que começa no ínicio do ano mas que por esta hora já foi abdicada ou esquecida. Porque, convenhamos, 90% das resoluções não chegam aos Reis. É assim a preguiça humana. Se o planeta tivesse braços, espreguiçava-se com toda a certeza.
Eu sei que sou preguiçoso. É uma das minhas maiores virtudes. É que o facto de ser preguiçoso livra-me de muitas responsabilidades. Ou pelo menos desculpa ou atenua o facto de eu não as cumprir.
Mas se há coisa que não sou é desnaturado. E este blog é um filho para mim. Bem, um filho bastardo. Mas é um filho. E a minha obrigação enquanto progenitor é sustentá-lo.
E a minha resolução é para ir além dos Reis. Depois de segunda-feira, não estou obrigado a nada. Se escrever, sintam-se felizes com a minha boa vontade.

Diogo Hoffbauer