terça-feira, 1 de julho de 2008
Sem Título
Sento-me na tijoleira fria e sinto o tecto rodopiar.
Perdi o chão, as paredes, o sentido.
Esqueci o caminho percorrido.
Desaprendi de caminhar.
A minha sombra ri-se.
Que é feito da coragem, da audácia?
Que é feito da vontade, do amor pelos momentos?
(As gargalhadas ecoam).
Perco as forças.
Deito-me ao comprido - medidas exactas do caixão.
Nada é levado até ao fim.
Os desejos,
Os medos,
Os sonhos...
A Existência a meio
cortada com a faca do pão seco -
até pão fresco desisti já de comprar.
Esta é a carta que não te escrevi,
a carta que não quero que leias,
a carta que carrego há demasiado tempo -
como peso pesado deste meu mundo sem centro.
Não vás, assim, breve;
Nao fiques, assim, eterno;
Mais do que corpos deitados na tijoleira fria -
queria que fossemos mais do que corpos deitados na tijoleira fria.
(Assumo que te sentes como eu, que tolice!)
Mas a minha sombra ri-se.
Quando olho, tu já foste, assim, breve...
E eu fiquei, assim, eterna.
>>> Mariana Silva
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5 comentários:
i'm also into those things. care to give some advice?
Ta tao lindo, mariana!
x')
'E eu fiquei, assim, eterna'
...
Beijinho*
Mariana,
a eternidade alcança-se nos instantes breves das palavras e sentidos...
e espera-te...
beijos,
Alexandra
Mariana, a eternidade é o momento que passa somado ao seguinte, e ao seguinte, e assim até à eternidade. Não queiras a eternidade, é curta demais. Quer e vive o agora como se ele fosse eterno.
Espero que tires algum sentido do que esta Avó Pirueta te escreve. E já agora, esclarece-me: por acaso o Diogo já foi preso por algum inspector do metro? Se foi, envio-lhe a minha solidariedade, que gastei muito este mês e não posso mandar mais nada... A não ser beijinhos. Avó Pirueta
Olá Mariana!
Ainda nao referi ao teu poema, porque queria fazer surpresa e traduzi-lo. Mas desisti.
É muito difícil. As palavras, nao.
Mas como dar a musicalidade dele na língua alema.
Boas Férias!
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