sexta-feira, 11 de julho de 2008

Lê.

Lê as cartas em branco que te deixei debaixo da almofada.
Não tive nem coragem para tas entregar em mão, de tão violentas.
São feitas de gritos
de mortes
de azares.

Escritas com a falta de paciência
enjaulada na alma dura,
O seu papel dobrado com a raiva existencial
das estações mortas do ano,
O envelope selado com o beijo azedo
de quem não sabe o que é amar.

Lê.
Quero sentir o teu sangue
verter, verter, verter…
Em lágrimas
Pela face moribunda
de quem nunca esteve vivo
Para mim.



>>>Mariana Silva

2 comentários:

Avó Pirueta disse...

Mariana, li.
Li e reli. Tu fazes-me pensar muito em ti. Por que escreves assim? Por necessidade? Por intuição? Porque é verdade?
Mas escreves tão bem, minha Querida! É pena ser tão duramente escrito. Fala-me do teu exame. E se foste repetir. Um beijo muito carinhoso (ou antes q.b.) da Avó Pirueta

Avó Pirueta disse...

Querida Mariana, entendi perfeitamente e fiquei mais descansada. Sei o que iso é. Quem sabe se andas a chorar dores de outrem que precisam de ser passadas ao papel e só tu as entendes?
Faz favor, mesmo com distâncias temporais, manter o devaneio. É tão bonito o nome, o conteúdo, vocês os dois, não gostaria de perder nada disso. E dêem notícias dos vossos percursos, sim?
Eu ontem tive um contratempo aborrecido, mas olha, vou crendo naquela máxima de que tudo o que Deus faz é pelo melhor: o meu ortopedista não me deixa fazer a viagem a Inglaterra, com os netos e fiquei, ficámos, desolados. Ainda por cima tudo pago, hotel inclusivé, desde Abril. O que for soará! Beijos para os meus dois Amigos jovens, da Avó Pirueta