domingo, 8 de junho de 2008

A nossa cidade

As paredes sem textura,
Os tectos alheios à gravidade,
tudo flutua na certeza de existir
tudo remoínha nas janelas do futuro
na nossa cidade...

Onde tudo era calmo, apaziguante
Onde tudo era vivo, electrizante
As noites viravam dias sem o tempo perceber
E tudo era eterno sem ter existido sequer...!

E nós sabíamos, oh sabíamos
Que naqueles segundos em que éramos um só
Dávamos de nós o que nem sabíamos ter...

E os outros viam, oh viam,
o retrato feliz de uma tristeza complacente
o sorriso amargurado de quem muito sente...

E hoje, ao olharmos o passado
em jeitos de futuro, das janelas da nossa casa
sem paredes nem tecto,
nem existência nem gravidade...

Sabemos que não fomos mais que dois pedregulhos
com demasiada força para flutuarem, despreocupados.
Na nossa cidade de papel

que acabei por construir sozinha,
e ver arder.



>>> Mariana Silva

10 comentários:

Turma disse...

Oh Mariana, se não conhecesse esse teu riso lindo, diria que nao sorris.
Mas o texto é muito bonito ^^

Rita M


<3

Anónimo disse...

Querida Mariana:
Este teu poema é excelente.
Com este poema também eu te considero uma herdeira da Florbela Espanca.
Estes meus elogios nao sao pela tua cara bonita, mas sim por este poema ter qualidade. Eu nao sei cozinhar - mas quando falo de Literatura sei o que digo.
Que bom que tenhas deixado as tuas obsessoes, porque com os teus 18 anos nao podes ter tanta experiencia. Escreve, como neste poema, o teu dia a dia.
Sabes, Mariana, o meu interesse por ti, nao é a Mariana bonita e nòvinha, mas a Mariana que quer escrever, e escrever para o futuro.

Great job!
A Musa chegou a este blogue com o nome: M A R I A N A !

Batata disse...

Teresa, muito obrigada pelas leituras atentas e pelos comentários!

Escrever para o futuro é o que tenciono fazer... a ver vamos se há, no futuro, lugar para mim... ;)

beijinhos!


>>>Mariana Silva

Anónimo disse...

Mariana, para ti há um grande futuro, se estiveres atenta, e nao caíres no "acri-doce"!
Tens de ser tu! A Literatura tem de ser verdadeira, mais nada!
Suma summarum: gostei tanto deste poema que o gostava de ver no meu blogue, posso?
Para ja nao quero, ou posso traduzi-lo. Traduzir poesia é um trabalho duro.
Mas muitos dos meus leitores sao portugueses e nao sao os teus.
Responde-me logo que possas, e um
Bj*****

Batata disse...

com certeza que pode pô-lo no seu blog! Só lhe posso agradecer por isso :)

beijinhos!


>>> Mariana Silva

ematejoca disse...

Os poemas que escrevi quando era Menina e Moca nao tiveram futuro.
Hoje sou apenas mae de quatro filhos e avó de tres netos. Nao consegui ser um Baudelaire, um Pessoa, uma Florbela Espanha.
Mas sei o que é boa literatura!
Aprendi na Uni a ver a diferenca.

Gostei muito que fosses ao meu blogue, Mariana!
Vai sempre e dá também críticas, ou melhor, sugestoes.

Amanha é dia de Camoes. O teu poema vai ser colocado no dia seguinte. Ainda ando a pensar que imagem.

Bj****

ematejoca disse...

Beijinho Mariana!
Amanha o meu blogue é dedicado a uma jovem poeta portuguesa-
Espero que gostes da imagem.
Mas como eu a idealizada nao encontrei.
Para ti e para a Rita muitas felicidades para os exames.

Anónimo disse...

Mariana:
É bom que visites os meus blogues. É bom, é muito bem.
O último comentário é da Isabel Cabral, que também faz poesia. O pai dela é o Mariano Calado, deves conhecer.
Summa summarum: o teu poema foi bem elogiado. E também gosto muito dele.

Agora estás de exames, compreendo que nao tenhas tempo pars escrever, mas porque nao deixas um devaneio musical?

Bj*********************************

Avó Pirueta disse...

Mariana, eu já comentei "A nossa cidade" no blogue da Teresa. Preferia, se não te importasses, que falasse contigo um pouco do teu 2+2=4. É verdade que ´teu texto e de uma maturidade espantosa, considerando a idade em que o escreveste. Espantosa! Para mim, quase aflitivamente espantosa. Mas o que eu não compreendo nem aceito são os comentários e reacções das tuas professoras. Vou comentar o seu procedimento com uma historiazinha de que gosto muito. E sei que me compreenderás. Cá vai ela:
"Era uma vez uma galinha branca que punha ovos azuis...
- Ovos azuis? - reclamou a professora, indignada, interrompendo a leitura da minha redacção, enquanto a turma se agitava em risinhos de troça e segredinhos maliciosos.
- Ovos azuis, sim, senhora professora - respondi eu. - A minha galinha põe ovos azuis.
- A menina está a brincar comigo? Já viu alguma galinha pôr ovos azuis? Sente-se imediatamente e faça já outra redacção.
Voltei para o meu lugar, de cabeça erguida, enfrentando a galhofa da turma.
Não baixei os olhos. Apenas os senti escurecer, num desafio.
Durante o recreio fiquei na aula, de castigo. Mas não fiz outra redacção.
Quando, depois do "toque", a professora me chamou para que lesse em voz alta a segunda versão, comecei:
- Era uma vez uma galinha branca que punha ovos brancos, só porque não a deixavam pôr ovos azuis..."

Anónimo disse...

Querida Mariana:
Ao ler o que a Maria do Carmo escreveu é que compreendi a razao da minha crítica aos teus textos literários.
A minha irritacao era a sua maturidade, uma maturidade espantosa e muito aflitiva.
Compreende: tu és a amiga do meu "pequenino" Diogo. E essa amiga escreve textos como uma mulher adulta e com muita experiencia. Isso fazia-me arrepios pela espinha acima,sem saber a razao. Entao acusava-te de acri-doce ou melo-dramática. Eu nao queria aceitar textos destes escritos por uma menina de 17 anos.
O pm3d sempre acreditou em ti, e com razao. Bem, eu também sempre acreditei em ti, mas na tua maneira de escrever, mas sem aceitar o conteúdo.
Summa summarum: eu queria que as tuas galinhas pusessem ovos brancos e nao azuis.
Mariana, nós queremos ovos azuis, muitos ovos azuis, porque aí é que está a diferenca.

Bj*********************************