domingo, 2 de março de 2008

Paris

No ar pairava um cheiro a alfazema, a primavera-verão confusa no romance que lhe dourava os cabelos, à luz do sol parisiense. Sentados na mesa da esplanada, a toalhinha vermelhusca, as velhas, uma cena quase de desenho animado, se estivessem eles a partilhar almôndegas e se saísse do restaurante um cozinheiro gordo a tocar acordeão apaixonadamente… Ela gargalhava, ele não tirava os olhos da boca dela, que a menina humedecia em tom provocatório, de vez em quando. Riam os dois, nem sabiam bem de quê… Riam um para o outro, um do outro, embalados naquela Paris que embebedava os sentidos, deixando-se apaixonar sem medo, porque a cidade assim o pedia.
Passou-lhe pela cabeça que ele a levara ali para a pedir em casamento. Tantas histórias tinha já escutado, de namorados loucos que, no topo da torre Eiffel, a tremer de frio, a esconderem-se das alturas, sussurravam o mais romanticamente possível um pedido de união eterna… E claro que as namoradas respondiam afirmativamente, coitado do rapaz, tanto esforço…
Estava aterrada. Se isso lhe acontecesse, que faria? Não, ele não seria capaz… Estavam tão bem assim, tão descontraídos, sem nada que os obrigasse a partilhar seja o que fosse – partilhavam porque assim o que queriam. Diria que não, com certeza ela recusaria se ele lhe fizesse essa proposta… Pediria um tempo para pensar, como se vê nos filmes e nas telenovelas. Mas nestas coisas não se pensa muito: se estivessem prontos para casar, ela diria sim sem hesitar. Não… E daí…talvez tivesse de pensar… Sim, tinham sinceramente de pensar em conjunto para assentar ideias. Era a desculpa perfeita: temos de falar, amor! Onde morar, como pagar as contas, tanta burocracia no meio do amor, Jesus!
Entretanto, ele continuava a olha-la, a sentir a brisa de Paris, a sentir a sua brisa, a sorver-lhe o olhar e a dar-lhe o mundo num sorriso, e ela teve a certeza que não desejava estar noutro lugar senão ali, com ele, sem torres Eiffel, sem filmes ou telenovelas, sem burocracias no meio do amor.

Estavam ali juntos, rindo. Pairava no ar um cheiro de alfazema. E aquele fim-de-semana era para eles o primeiro de muitos, ao som de uma música inaudível para outros, nas alturas para eles … Estavam apaixonados, havia dúvidas?

Ela teve a certeza de que ele não diria nada. Estavam ali, e isso bastava.


>>> Mariana Silva

3 comentários:

Anónimo disse...

Paris...

Acidade da luz e do Amor...

Vou lá na minha lua de mel
^^

Well, I hope so!
Shiuuuuuuuuuu

^^ lindo texto mariana, lindo lindo lindo


Rita M.

Anónimo disse...

paris? ja la estive. e n cheira a alfazema mariana! ^^ na binca...sim é a cidade do amor...pena q n fui la c quem gostaria...ms nc é tarde...enfim magnifico mariana :) como sempre...beijO

Anónimo disse...

Escreves mesmo mto bem o.0
Já pensas-te fazeres 1 especie d livro? Acho que era capaz de ser 1 exito mesmo =)

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