quarta-feira, 12 de março de 2008

A história do 112 que ficou reduzido a décimais


Dizer parvoíces sobre ambulâncias não é novidade para mim. De facto, a minha primeira piada, de toda a minha vida, foi sobre uma ambulância. Estava eu em casa da minha bisavó, chamou-se uma ambulância agora não me lembro porque carga de água, e na altura - vejam lá aos anos que isto foi (sinto-me acabado...) - o número de emergência era o 115. Com a demora da ambulância, saio-me eu com esta: "Fogo (na altura "fogo" estava muito na moda), mais valia termos chamado o 114".
A minha mãe riu-se. O meu pai chorou de orgulho. A minha bisavó pediu-me para repetir. Ao início pensei que era por ter gostado, mas foi porque não ouviu. Seja como for, fui um sucesso. A partir daí, tomei-lhe o gosto e fiquei parvo.
Decidi agora escavar fundo na imundície dos alicerces da minha imbecilidade. O que me fez recordar isso foi a notícia da ambulância que foi albaroada por um comboio numa passagem de nível. É catastrófico pensar que um veículo que salva vidas aos magotes pode ser também o transporte para a última viagem da vida, quando tanto quanto sei os utentes estavam a fazer fisioterapia. É como um barco salva-vidas a transformar-se em poucos segundos num navio-expresso para Aqueronte.
Agora a questão é o porquê da tomada do risco, e isto é sério, é a cidadania dos condutores que nos podem guiar à biforcação entre a vida e a morte. A condutora era uma mulher, portanto não foi por exibicionismo. Não foi pela gravidade dos utentes, que parece que só tinham problemas nos ossos (podia fazer aqui uma piada macabra, mas hoje faço meses de namoro e devo a integridade à minha namorada). Tudo não passou de uma mera fraqueza humana de querer superar barreiras. O homem não gosta de barreiras. Detesta limites. E eu incluo-me. Quando as folhas do meu caderno têm aquelas linhas vermelhas verticais, só me apetece ultrapassá-las, nem que tenha o caderno todo disponível. Eu posso nem sequer me lembrar que tenho chocolates, mas mal a minha mãe me diz para não os comer porque já vamos jantar começo logo a roer-me todo.
No fundo, este acidente não passou de mais uma tentação inacta de pecar por gosto.
E quem culpamos? A falta de sinalização ou a maçã de Eva?

7 comentários:

Anónimo disse...

Tinóni Tinóni Tinóni

A eva nao teve culpa.
Olha que raio!
Sao voces (homens)os que ficaram marcados para o resto da Historia com o pecado nas goelas.
Viva o caroço da maça de Adão, e viva a inocência por falta de provas de Eva!

^^

- Credo!o desastre foi enorme... :s

Rita M.

Anónimo disse...

Didocas, é por estas e por outras que não sei se terás a carta tão cedo! :))))

A tua abordagem é, de novo, brilhante, quase que dá para esquecer os reicidente erros ortográficos.

Parabéns!

Anónimo disse...

Didocas, é por estas e por outras que não sei se terás a carta tão cedo! :))))

A tua abordagem é, de novo, brilhante, quase que dá para esquecer os reicidente erros ortográficos.

Parabéns!

Anónimo disse...

Que história tao macabra, e infelizmente verdadeira!
Tens piada, mas o riso fica entalado na garganta.
O teu humor é semelhante ao do "Monty Python´s"
Saudacoes de Düsseldorf!

Anónimo disse...

Que comentarios tão fofos ^^
Bem mas eu estou aqui para falar do teu texto =) a tua primeira piada =') ceus foi brilhante nunca com os meus 16 anos me tinha lembrado dessa.

Ps: Devias escrever mais no blog =P

Just_me

Raul Martins disse...

Olá! Mais um texto bem conseguido. Um riso que é sério... e levantas aqui questões muito pertinentes, que vão desde o nosso sentido de pertença a uma sociedade que tem que exercer melhor os seus compromissos de cidadania, à fraqueza da condição humana que realmente não gosta de estar acorrentada a "limites". Um texto muito maduro. O teu paizão deve estar babado.

Raul Martins disse...

Diogo, sem pedir autorização, coloquei o teu texto no meu blog. Penso que não te ofendes com tal ousadia. Pode ser?